quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

CARNAVAL 2019 > Fernanda Lacerda (a Mendigata), musa da Gaviões da Fiel, posa com uma cobra na quadra da escola: 'Fiquei bem à vontade'

Samba da escola que tem gavião como símbolo fala de veneno da serpente em 2019. Musa que ficou famosa como 'Mendigata' será madrinha da ala das crianças.



A musa da Gaviões da Fiel Fernanda Lacerda não teve receio nenhum de posar com um gavião - símbolo da escola - e com uma cobra de 3 metros durante o ensaio de fotos para a série do G1 “As escolas e seus enredos”, feito na quadra da escola de samba no bairro do Bom Retiro, região central de São Paulo.

"Eu não fiquei com medo da cobra, na verdade nesse mundo a gente está acostumado com muitas cobras por aí né (risos) e o gavião também é super dócil, então foi super tranquilo fotografar junto com eles. Acho que tem de rolar um carinho, sentir a energia do animal. Eu fiquei bem à vontade e o ensaio fluiu tranquilo", disse Fernanda, que ficou conhecida como a 'Mendigata' do programa Pânico na TV.

A ideia de fotografar com a cobra foi por causa do samba-enredo da Gaviões deste ano, "A saliva do santo e o veneno da serpente". Trata-se de um samba de 1994 que será reencenado na avenida 25 anos depois.

"É a realização de um sonho estar aqui, sou corintiana desde criancinha", diz Fernanda, que esse ano também é madrinha da ala das crianças da escola.

A Gaviões da Fiel é a última escola a desfilar no sambódromo do Anhembi no sábado, 2 de março.


Cuidados com os animais
A cobra do ensaio é uma píton asiática macho de quase 3 metros e 14 quilos chamada Argus. Já o gavião é uma fêmea da raça asa de telha e se chama Gaia.


Para Fernanda, era importante também que os animais fossem bem cuidados durante o ensaio. "Acho que a gente tem sempre de se preocupar com o bem-estar do animal. O Carlão ficou do lado o tempo todo então os animais ficaram super tranquilinhos, foi super de boa", disse Fernanda.


"São animais que reconhecem o ser humano como espécie, então eles não têm medo, aceitam o manuseio e estão acostumados com o barulho, não se estressam facilmente", diz o criador dos bichos, Carlos Alberto Scalea, 55 anos.

"São animais regularizados junto aos órgãos competentes todos possuem um anel de identificação e chip implantado no peito", explica Carlos.

Além da cobra e do gavião, Carlos tem arara, tucano, papagaio, coruja, jacaré, sagui, 5 mil baratas. Ele costuma participar de programas de TV com os bichos e conheceu Fernanda Lacerda na época do "Pânico".

Melhor Carnaval
Com Sabrina Sato estreando à frente da bateria, Fernanda acredita que será o ano da Gaviões. "Esse ano não tem para ninguém, ainda mais com a Sabrina, ela é minha musa mor de todos os carnavais né, completamente inspiradora."


Além de sambar na avenida, Fernanda diz que gosta de se divertir durante o desfile. "Eu acho que na avenida a gente tem de sambar, tem de fazer pose, tem que acenar e sentir a energia da galera, tem que ser um pouco de tudo, acho que a gente tem de se divertir", afirma.


Fernanda promete "o melhor carnaval de sua vida" em 2019. "Vou sair com uma fantasia bem colorida para representar as emoções. Com certeza vai ser o melhor carnaval da minha vida! Só de falar eu fico arrepiada, é muita emoção. A cada ano é uma emoção diferente, é só pisar ali na avenida que meu coração já fica a mil".


Créditos:
Beleza: Carlos Lyra
Looks:
Preto com franjas - Emana Festival Clothes (Mayra Lupion e Natália Silveira)
Cobra - Fabrício Neves
Prata - Van Loureiro 
Stylist - Murilo Rangel







CARNAVAL 2019 > Carol Ipaves, musa da Mancha Verde, já foi ginasta e atua como cheerleader do Palmeiras: 'Por ser meu time, é muito mais difícil'

Passista da escola, a estudante de educação física e animadora de torcida do Palmeiras posou na Casa Amarela Afroguarany. 'Quando falo que sou do samba, as pessoas falam que é vulgar'.



A estudante de educação física Ana Carolina Ipaves, 20 anos, estreia em 2019 como passista da escola de samba Marcha Verde, mas sua relação com o Palmeiras começou bem antes. Ela já foi atleta do time como ginasta artística, acrobática e atua como cheerleader (animadora de torcida) do time há seis anos.

"Estou muito nervosa porque esse ano é diferente, a ala das passistas tem peso e está coreografada, então tem aquele medinho de errar. E por ser a Mancha, meu time, é muito mais difícil", diz ela, que posou para o G1 na Casa Amarela Afroguarany, reconhecida como primeiro quilombo urbano do Centro da capital paulista.


A escolha não foi por acaso. Este ano, a Mancha Verde apresenta na avenida o samba-enredo "Oxalá, salve a princesa! A saga de uma guerreira negra", que fala da princesa do Congo Aqualtune, capturada e trazida para o Brasil em um navio negreiro na condição de escrava reprodutora. Já em Pernambuco, ela fugiu para um quilombo que mais tarde seria batizado com o nome do seu neto, Zumbi dos Palmares.


A história de Aqualtune é contada em uma peça que está em cartaz na Casa Amarela, "Abayomi - a primeira boneca de pano do mundo", da atriz e dramaturga Wanessa Sabbath, uma das 15 artistas residentes que mora no local, ocupado em 2013.

Carol já conhecia o espaço. "Eu já vim a uma festa e um projeto sobre demonstração de faces das mulheres. Foi demais, cada uma tinha uma beleza diferente", relembra ela.

A Mancha Verde é a terceira escola a desfilar no Sambódromo do Anhembi na sexta, 1° de março.


A luta de ser mulher
Nascida no Butantã, Zona Oeste de São Paulo, Carol frequenta rodas de samba com a família desde criança e já ouviu muitas críticas por frequentar esses ambientes.

"Quando falo que sou do samba as pessoas falam que é vulgar, mas não é vulgar, é normal, é o seu corpo, você tem o direito de fazer aquilo, de mostrar do jeito que você quiser", diz ela.


"Ser mulher é uma luta, sempre foi e ainda continua sendo. As pessoas ainda acham que podem mandar na sua roupa e no seu comportamento. A gente tem que tenta lidar e se emponderar cada vez mais; não sou do tipo que liga para o que o outro vai falar, vai pensar. Ainda mais no carnaval, acho que a gente precisa ganhar mais poder", finaliza.


Quilombo urbano
Localizada na esquina da rua Consolação com a rua Visconde Ouro Preto, a Casa Amarela Afroguarany é uma construção de 1926, que ficou conhecida como mansão Florentina, em referência a mansões de Florença, na Itália. Pertenceu a uma família que trabalhava com café e, em 1950, passou a pertencer ao Instituto Nacional Previdência Social (INPS), antigo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O espaço funcionou como creche de 1990 até 2001.


No ano de 2014, o espaço foi ocupada pelo coletivo TM13 com o objetivo de "democratizar o acesso, fazer dele um quilombo urbano e um ateliê cultural para trabalhar com arte marginalizada e de resistência", de acordo com o produtor cultural Alex Assunção, 27 anos. Atualmente, corre na Justiça um processo do Ministério Público de SP de reintegração de posse do local.


Quinze artistas residentes vivem no local e trabalham em conjunto com cerca de 200 coletivos artísticos. A programação inclui apresentações de teatro, cursos, workshops, oficinas, prática de ioga, curso de inglês e de libras.


"Trabalhamos de forma horizontal, temos assembleia todas as segundas-feiras e um regimento interno. Todos os dias das 14h às 22h os artistas levantam os colchões do chão e o espaço funciona como um ateliê. Temos escala de portaria e de limpeza e uma política rígida contra drogas. Aqui também não não são tolerados machismo, homofobia e transfobia. Nenhum tipo de preconceito é aceito", explica Alex.


Em 2015, a Casa Amarela Afroguarany foi reconhecida como primeiro quilombo urbano do Centro por trabalhar com arte de resistência negra e indígenas. Os quilombos originais eram espaço de refúgio de escravos negros que fugiam dos senhores. Em 2018, a Casa foi reconhecida pelo governo federal como ponto de cultura.


"Os quilombos se tornaram espaços de resistência não só de negros, mas de brancos e indígenas. Queremos que aqui seja um espaço para todas as pessoas e religiões. A gente quer viver e propagar nossa cultura de resistência para que ela se mantenha viva", diz Alex.


Créditos:
Beleza: Isadora Lucas
Looks: Vanessa Oliveira


Serviço:
Casa Amarela Afroguarany: Rua da Consolação, 1075
Peça "Abayomi - a primeira boneca de pano do mundo": apresentação nos dias 24/02 (apresentação única) e 17, 24 e 31 de março (temporada) na Casa Amarela Afroguarany



CARNAVAL 2019 > Tarine Lopes, musa da X-9 Paulistana, fala sobre machismo: 'Não é fácil ser mulher e negra'

Samba da escola fala sobre habitação e modelo posou na Ocupação 9 de Julho. 'Não vou deixar de fazer as coisas que eu gosto e me divertir no carnaval por conta do que as pessoas pensam'.



A madrinha da escola de samba X-9 Paulistana Tarine Lopes, 28 anos, já disse que quer um carnaval de superação após ter perdido o tapa-sexo na avenida em 2018. Em entrevista ao G1 para a série “As escolas e seus enredos”, Tarine fala das críticas que recebeu e diz que, por ser mulher e negra, é comum sofrer por causa do machismo. As fotos do ensaio foram feitas na Ocupação 9 de Julho, no Centro da capital.

"Não é fácil ser mulher e negra. Nós sofremos muito preconceito, muito machismo. Nós usamos pouca roupa para sambar, o corpo está sempre exposto, mas eu não vou deixar de fazer as coisas que eu gosto e me divertir no carnaval por conta do que as pessoas pensam. Eu acho que eu e as mulheres do carnaval merecemos acima de tudo respeito", diz ela.

Tarine contou que foi muito criticada por causa do episódio do tapa-sexo e acusada de ter perdido a peça de propósito.

"As pessoas que são do carnaval sabem que eu jamais faria uma coisa dessas, tem notas em jogo, tem minha escola de coração lutando para ganhar o carnaval, então jamais faria isso de propósito para aparecer”, desabada.

Baiana, Tarine conta que nem gostava de carnaval quando chegou a São Paulo, há dez anos.


"Na verdade eu nunca gostei de carnaval de São Paulo e do Rio, eu sou baiana, então gostava mesmo do trio elétrico, da pipoca, daquela agitação. Depois que eu vim morar em São Paulo fui picada pelo bichinho, aí sim eu me encantei pelo carnaval daqui. Sou apaixonada e não consigo mais me imaginar fora disso, eu amo de paixão."

A X-9 é a sexta e penúltima escola a desfilar no sambódromo do Anhembi na sexta-feira, 1° de março.

Pedaço de chão
Em 2019, o G1 usa espaços da cidade como personagem para falar do samba e de questões de São Paulo. A X-9 vai levar para a avenida a história de Arlindo Cruz, sambista famoso por se inspirar nas pessoas mais humildes para compor seus sambas, por falar de quem luta diariamente para conquistar seu espaço e tem o samba como refúgio para se divertir.


"Boa parte das composições de Arlindo se dirige aos menos favorecidos, é a voz do morro, da periferia, ele é um porta-voz social, em suas letras ele fala de desigualdade social. A música do Arlindo é voz de protesto do povo", diz Darlan Alves, um dos compositores do samba da X-9 deste ano.

A Ocupação 9 de Julho, no centro da capital, foi o cenário escolhido para o ensaio de fotos. O prédio foi ocupado entre 1997 e 2003 pela primeira vez pelo Movimento Sem Teto do Centro (MSTC). De acordo com a líder Carmen da Silva Ferreira, 58 anos, nos últimos anos o espaço estava desocupado e tinha virado um ponto de consumo de drogas, além de ter acumulado lixo, matagal e ter foco de dengue por causa da água parada. Ele voltou a ser ocupado em 2016.


"Nós temos uma gestão social com mediadores de andar, que trazem até o movimento as perspectivas e necessidades dos moradores e levam a devolutiva do movimento", explica Carmen.

Cerca de 400 pessoas moram no local, inclusive crianças. O espaço conta com portaria 24 horas, sala de reunião, refeitório, biblioteca, brinquedoteca, aulas de artes e salas de convivência para celebrar aniversários, casamentos, churrasco. É proibido fumar nas áreas comuns e usar drogas. Há ainda um brechó e uma marcenaria, tanto para reformar o que recebe de doação como para os moradores arrumarem as suas janelas, que são padronizadas.

Atualmente são cobrados R$ 220 mensais por apartamento.


"Mesmo que você seja proprietário de um apartamento, você paga mensalmente um valor de condomínio para manutenção, portaria, segurança; aqui não é diferente, nossa diferença é que aqui se paga um valor bem mais baixo. Todo dinheiro é para isso: advogado, contador, estrutura. Apesar de sermos um movimento social, a gente tem de ter nossa vida jurídica e cível em dia com impostos", desabafa Carmen.

Um regimento interno determinado em conjunto com os moradores proíbe a entrada de objetos ilícitos, respeito a idoso e criança, é proibido bater em mulher e vice-versa, usar drogas, tráfico, roubar e levar para a ocupação.

"Todo mundo sabe que ocupação é provisória, nosso intuito não é morar a vida inteira dentro de uma ocupação, é financiar a nossa casa própria", conclui Carmen.


Créditos:
Beleza: Camily Rodrigues


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

CARNAVAL 2019 > Ana Beatriz Godói, da Vila Maria, promete fantasia sem penas após polêmica: 'Fui ameaçada de morte por ativistas'

Musa recebeu ameaças após desfilar com 3.800 penas de faisão no ano passado; em 2019, seu 16° ano de carnaval, promete fantasia 'corretinha'.



A madrinha da escola Unidos de Vila Maria Ana Beatriz Godói tem 35 anos, sendo 16 de carnaval. Apesar de ser uma veterana na folia, não ficou livre de cair em uma saia-justa no desfile do ano passado, quando foi atacada nas redes sociais por ativistas de defesa dos animais por usar uma fantasia com 3.800 penas de faisão. Ela participa da série de ensaios do G1 " As escolas e seus enredos".

“As pessoas falaram que iam me atacar, que iam me pegar, que era para eu tomar cuidado porque poderia morrer. Por conta disso então esse ano eu quero vir bem corretinha, sem nada de penas”, diz ela.
Este ano, a Unidos de Vila Maria vai homenagear o Peru com o samba-enredo “Nas asas do grande pássaro, o voo da Vila ao império do Sol".


Segundo Ana, a ideia do samba foi dela e do marido, o empresário Rinaldo Mirola, 44 anos, que tem uma empresa de alimentos com filial no país.

“A gente falou isso para o (presidente da escola) Adilson José e veio o namoro durante o ano. Aí fechamos a parceria com o Peru e fomos até lá, fomos recebidos pelo governo foi muito legal”, conta ela.

A Unidos de Vila Maria é a sexta escola a desfilar no Sambódromo do Anhembi, no sábado, 2 de março.

Ensaio no Jardim Botânico
As fotos foram feitas no Jardim Botânico de São Paulo, espaço de 360 mil metros inaugurado em 1942 com a missão de preservar a biodiversidade paulista e brasileira.


No local, há 24 nascentes de água. A Trilha da Nascente, um dos cenários das fotos, tem 720 metros e termina na nascente do córrego Pirarungáua.

"Tem tudo a ver né porque o samba da escola cita nascente, então fizemos as fotos na trilha remetendo a essa nascente que fala no samba", diz Ana, que se inspirou no país na hora de escolher os looks para posar.

"O look azul é inspirado no festejo peruano, uma dança típica de lá. Eles usam aquela roupa que parece de lambadinha para a dança típica. E no outro look usei um poncho masculino que veio do Peru, a gente adaptou", disse ela.

No final do século passado, a área do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga era uma vasta região com mata nativa, ocupada por sitiantes e chacareiros. Por ordem do governo, as desapropriações na área vinham ocorrendo desde 1893, visando à recuperação da floresta, à utilização dos recursos hídricos e à preservação das nascentes do Riacho do Ipiranga.


Dieta zero
Paulistana nascida na Freguesia do Ó, na Zona Norte da capital paulista, Ana Beatriz é madrinha da escola Unidos de Vila Maria, escola também da Zona Norte. O cargo é diferente do de Dani Bolina, que é madrinha da bateria da escola. Ela já foi rainha (mas não rainha de bateria) da escola Rosas de Ouro, aos 18 anos, a convite do então presidente da escola Eduardo Basílio.


"Ele me convidou para se rainha da escola. Aí eu fui para o concurso da corte, quando virei princesa do carnaval em 2003. Depois disso não parei mais, fui picada pelo bichinho”.

Fã de São Paulo tanto quanto de Carnaval, Ana diz que o melhor da cidade são os restaurantes. “Amo a gastronomia de São Paulo. Gosto de sair para comer e aqui tem os melhores restaurantes do mundo, né?"

E não tem carnaval que a faça abrir mão do prazer de comer, segundo a própria.

"Dieta zero, eu só estou malhando um pouquinho, fazendo estética. Dou uma segurada no doce durante a semana, mas no final de semana eu libero geral porque eu fico mal-humorada”.


Créditos:
Beleza: Henrique Luna
Looks: Espaço Luz Ateliê e poncho Irving Gambirazio
Jardim Botânico de SP: aberto de terça a domingo e feriados, das 9h às 17h. Ingressos custam R$ 5 para meia entrada e R$ 10 para inteira