Tem o olhar curioso, o mesmo de quando era uma menina saindo de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, para desbravar o mundo. A ex-atendente da Livraria Cultura e ex-apresentadora do Vídeo Show é agora a protagonista da nova série da TV Globo, Vade Retro, que estreia em 13 de abril.
Aos 35 anos, Monica se esquiva das perguntas sobre seu estado civil e diz que o talento para o improviso não é uma defesa para se esconder. Gosta de rir de si mesma.
Nos últimos meses, emagreceu sete quilos e olha orgulhosa para as curvas que conquistou – incluindo o derrièrre. Nem por isso, posou para o nude coletivo ao lado de outros atores em uma viagem ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, no início deste ano. Monica não está na foto que foi compartilhada nas redes sociais e divulgada em diversos meios de comunicação. “Juro que fiquei com preguiça de desmentir isso em público.” Um ensaio nu sempre esteve fora dos planos dela, mas um sensual – como este – começou a interessá-la quando percebeu que poderia mostrar outra faceta além da cômica. Sorte a nossa.
Como apresentadora você teria a chance de receber um cachê maior de publicidade. Por que seguir como atriz?
Nem sempre fazemos escolhas objetivas. Diferentemente do que pensam, não fiz faculdade de comunicação, nem sou jornalista. Sou formada em artes cênicas pela Unicamp. Quando outras oportunidades aparecem, a gente tende a dizer não para não nos desviar. Sou interessada em muitas coisas e movida por aquilo que me faz feliz. Desde a época do CQC, eu queria voltar a ser atriz.
Mas você saiu do CQC, na Band, e foi para a Globo apresentar um quadro no Big Brother Brasil 14.
Dois motivos determinaram minha saída: a Band não tem dramaturgia; e no CQC eu cobria política em Brasília. Fiquei quatro anos e meio no programa. Cobrir política daquela maneira machuca, decepciona. Não só com os absurdos noticiados, mas também com os bastidores.
Chegou a ser ameaçada?
Não, mas é um ambiente hostil. Fui agredida duas vezes. Além da problemática política, é um lugar extremamente machista. Como trabalhava no enfrentamento, precisava ter energia para encarar. Vi que não rendia mais o que poderia render.
Vários resultados no Google dizem “Monica Iozzi, a nova aposta da Globo”. Alguém da emissora já declarou isso abertamente?
As pessoas podem ter tido essa impressão, pois, em pouco tempo, eu fiz muita coisa. Foi uma megaexposição. Eles me falando ou não, eu me sinto muito acarinhada: tudo que pedi para a Globo, desde quando entrei lá, eles me deram e confiaram.
Em sua última entrevista ao Jô, você disse que nunca posaria nua por causa da falta de cachê e porque precisaria fazer crossfit. E aí, está malhando?
Não [gargalhada alta]. Em 2012, recebi o convite de quase todas as revistas e fui a todas as reuniões – sabendo que não posaria. O que eu falei ao Jô foi brincadeira. Cada pessoa tem seu motivo para aceitar. Eu acho que foi a Cleo Pires quem disse quando fez um ensaio: “Eu sou vaidosa, exibicionista e adoro a ideia de as pessoas virem minha revista, me acharem bonita e sentirem desejo por mim”. Arrasou!
Você está no momento de se sentir bonita, de se gostar?
Sou e sempre fui vaidosa. Mas minha vaidade está ligada às pessoas me acharem inteligente, interessante. Posso ser a garota bonita, mas quero ser a legal. Aí, quando pintou o convite da VIP, conversei com uma amiga, e ela me encorajou. Por que não? Tem o lado do empoderamento feminino, de querer e poder ser sexy. É até uma forma de criticar a ideia de que uma mulher bonita não pode ser inteligente. Aqui também está meu lado atriz.
É uma forma de fugir da comédia?
Não quero parar de fazer humor, mas recusei alguns filmes. Chega uma hora em que se quer fazer outras coisas. Não me considero uma comediante. Esse jeito despachado é meu.
Usa o humor para esconder outra característica sua?
Quando adolescente, a gente só quer ser igual, nunca diferente. Todo mundo sofreu ou vai sofrer bullying. É porque seu pai tem um carro zoado, ou seu nariz é grande, ou é gordo… Ser deste jeito me ajudou: antes de tirarem sarro de mim, eu sacaneava os outros.
Os perfis que diz ter nos aplicativos como Happn e Tinder são verdadeiros?
Não! Tenho um grupo de amigas que vai à manicure toda quarta-feira – eu não, logicamente [levanta a mão e mostra que rói as unhas]. Vou só para beber vinho. Quando o Tinder foi lançado no Brasil, em uma dessas reuniões, todas se empolgaram e se cadastraram. Óbvio que o aplicativo não serviria para mim. Os caras que davam match não acreditavam que falavam comigo.
Acha que intimida os homens?
Não sei. Quando o homem ganha fama, o assédio aumenta. Eles viram galãs. No caso da mulher, o processo é contrário: ficar famosa afasta.
Será que é medo de estar na sombra da mulher famosa?
Existe um movimento bundão nos homens. Eles não cortejam mais as mulheres, não correm atrás do que querem. Acho que é uma coisa de geração. Talvez seja a tecnologia. Existe o jogo de que um não pode mostrar ao outro que é a fim. Estamos numa fase em que mostrar fragilidades não é permitido, para ambos os sexos. Mas para eles acho que é um pouco pior.
Perdeu-se o flerte?
A internet ajudou e também estragou. A discussão do lugar e do papel da mulher é muito legal. Qual é o papel dela? O mesmo do homem. Então, o que a impede de chegar no cara? Tenho muitas amigas que dizem que, se não chegam, a coisa não acontece. Nenhum amigo meu reclama de mulher que transa no primeiro encontro. Um deles acha muito estranho quando a garota não dorme com ele na primeira noite. Estamos em um momento em que a gente pode tudo. Não há nada que nos impeça.
Camisa: Vitorino Campos
Tricô: Room na Choix
Vestido e pulseiras: Gilda Midani
Sapatos: Sarah Chofakian
Sapatos: Sarah Chofakian
Hot pants: Renata Campos
Pulseira: Maxior Joias
Pulseira: Maxior Joias
Assistentes de fotografia: Otávio Guarino e Pedro Pinho
Vestido: Animale
Pulseiras: Gilda Midani
Pulseiras: Gilda Midani
Fotos produzidas no Hotel Tivoli Mofarrej – São Paulo
Fotos: Marcio SimnchEdição de moda: Marcelo BarbosaBeleza: Patrick Pontes
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